quinta-feira, 20 de novembro de 2008

informática e a Química juntos

Bons resultados são possíveis no difícil contexto:
Ensino de Química, Informática e escola pública
Gustavo Antonio Toretti (IQ), Claudia Marteli (FM), Adriana Vitorino Rossi (PQ)
Instituto de Química - UNICAMP
palavras-chave: educação, informática, ensino médio.


Em certas áreas, como a Química, a prática de ensino pode ser favorecida pela experimentação como ferramenta instrucional. A aprendizagem de muitos conceitos químicos é favorecida quando ocorre abordagem experimental. Este aspecto deve ser aproveitado como agente facilitador da interação professor-aluno embora represente dificuldades de ordem material que tornam a experimentação proibitiva em escolas com poucos recursos. É importante avaliar como a utilização do computador pode contribuir no processo educacional já que, na tentativa de contextualizar a teoria e a prática no ensino de Química, a utilização de recursos computacionais nas aulas pode representar uma alternativa viável 1. Um tipo de programa de informática que pode ser usado com fins didáticos é representado pelos programas de simulação que permitem destacar aspectos específicos do conteúdo abordado e orientar a tomada de decisões em experimentos, situação que favorece muito a compreensão dos conceitos químicos.

Pretende-se relatar neste trabalho, a experiência da utilização de programas de informática no ensino médio de uma escola pública de periferia. Considerando o aspecto instrucional do uso do computador no ensino de Química, foi utilizado um programa de computador, o Model ChemLab 2, para simular as atividades experimentais de aulas práticas em um “laboratório virtual”. Este programa é um produto comercial de baixo custo, que requer configurações pouco sofisticadas e algumas adaptações para o idioma português. Outro aspecto direcionador da proposta de utilização deste recurso didático visou atender a necessidade de proporcionar uma mínima noção de informática a estudantes de escolas públicas.

O projeto foi aplicado em uma escola pública de ensino médio da periferia de Campinas - SP, durante 1999. O nível de conhecimento na área de informática dos 3 professores de Química e de 353 alunos de 13 turmas das 3 séries do ensino médio nos 3 períodos foi avaliado através de questionários que direcionaram a criação de apostilas e manuais para orientação dos usuários e a criação de novas simulações de experimentos no ChemLab. Foi realizado um treinamento rápido, porém considerado suficiente pelos professores participantes, para familiarização com o programa e habilitação para o desenvolvimento da atividade em condições satisfatórias. Detectou-se que poucos estudantes já haviam utilizado um computador e que a maioria absoluta tinha interesse em participar da atividade didática de Química usando computador tendo em vista a oportunidade de receber treinamento em informática mas estavam totalmente conscientes do objetivo maior, que era aprender Química com mais esta ferramenta instrucional.

A adaptação do "ChemLab" envolveu a criação de textos em português, levando em consideração as dificuldades dos alunos e professores, que foram detectadas nos questionários respondidos previamente. O conteúdo das novas experiências simuladas foi criado a partir do conteúdo das apostilas utilizadas como material didático de apoio das aulas. Desta forma, a proposta pode ser inserida no ambiente de sala de aula sem interferir no ritmo de aulas programado no planejamento escolar. A interferência era indesejada por representar eventuais prejuízos para a disciplina e por dissociar a proposta da realidade do processo de ensino/aprendizagem do objeto da pesquisa.

A escola onde a proposta foi aplicada tinha disponível para atividades didáticas apenas um microcomputador, modelo Pentium, localizado no laboratório onde aconteciam atividades práticas relacionadas às disciplinas de Química e Física. O microcomputador disponível foi adequadamente suficiente para a utilização do programa, aprimorado pela adaptação de um conversor para exibição do conteúdo do monitor do micro-computador na tela de uma televisão de 29 ". As aulas foram organizadas seguindo o cronograma inicial estabelecido no planejamento escolar. Optou-se pela utilização do programa paralelamente às aulas com atividades práticas. Para manter o rendimento dessas aulas, tendo em vista inclusive a infra-estrutura disponível, as classes constituídas em média por 40 alunos foram organizadas em grupos de 5 integrantes, garantindo o acesso de todos os alunos ao computador, enquanto os demais acompanhavam a atividade assistindo a televisão. Ao todo, 120 estudantes de 3 turmas da 2a série noturna utilizaram o programa.

Os resultados obtidos com a introdução do material desenvolvido foram excelentes, segundo relato do responsável pela disciplina de Química, tendo sido detectado considerável ganho no rendimento das aulas, no interesse dos alunos e melhora no desempenho geral dos alunos na avaliação bimestral realizada em aula. As respostas ao questionário aplicado aos estudantes após a realização das atividades foram muito positivas (sempre mais de 90% com respostas de aprovação à experiência), tanto no que diz respeito ao aprimoramento do ensino de Química como também na introdução da informática na escola. Neste aspecto, vale destacar que a atividade foi muito valorizada e bem recebida pelos estudantes envolvidos, dos quais 85% nunca haviam utilizado recursos de informática ou microcomputador e tinham essa expectativa até tendo em vista uma possível valorização profissional.

Pode-se notar que a utilização de computadores em aulas de Química no ensino médio é viável considerando-se o conteúdo da disciplina, a capacitação de professores e a adequação dos recursos de informática disponíveis. Os resultados da introdução didática dos recursos de informática desta proposta foram muito positivos mesmo em condições materiais pouco favoráveis, comuns nas escolas públicas. Isto estimula novas iniciativas viáveis que não envolvem altos custos e respondem a expectativas dos estudantes que merecem ser atendidos sendo que a participação dos professores, após breve treinamento, é fundamental para que bons resultados possam ser alcançados e deve ser encorajada para benefício de todos.

1) C.M.S. Braga; VII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação; p. 151 (1996)

2) http://www.modelscience.com

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

"Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que se podem tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o cepticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público"

Kant, Crítica da razão pura, B XXXIV.

Idéias

"Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal".

Immanuel Kant